Uma análise científica sobre o Filme Interestelar
Direção: Christopher Nolan
Consultor científico: Kip Thorne (ganhador do Nobel de Física)
Gênero: Ficção científica / Drama
Ano: 2014
Duração: 169 minutos
Resumo do Enredo:
No futuro, a Terra está em colapso ambiental e alimentar. Um grupo de astronautas embarca em uma missão interplanetária para atravessar um buraco de minhoca próximo a Saturno e encontrar um novo planeta habitável. O protagonista, Cooper, é um ex-piloto que deixa a filha Murphy para salvar a humanidade.
Física em Interestelar: Verdades e Ficção
1. Buracos de Minhoca (Wormholes)
No filme: Um buraco de minhoca é encontrado perto de Saturno, permitindo acesso a outra galáxia.
Na realidade:
É uma solução teórica da relatividade geral de Einstein, proposta por Einstein e Rosen (as pontes de Einstein-Rosen).
Nunca foi observado um buraco de minhoca real.
Seria necessário "matéria exótica" (com energia negativa) para mantê-lo aberto.
Veredito: Cientificamente plausível, mas ainda hipotético.
2. Buracos Negros e Gravidade Extrema
No filme: O planeta Miller orbita o buraco negro Gargantua. O tempo lá passa muito mais devagar (1 hora = 7 anos na Terra).
Na realidade:
Isso é chamado de dilatação temporal gravitacional, prevista pela Relatividade Geral de Einstein.
Próximo a uma massa imensa (como um buraco negro), o tempo desacelera para observadores externos.
Kip Thorne ajudou a calcular e simular isso de forma extremamente precisa.
Veredito: Totalmente consistente com a teoria da relatividade!
3. Representação visual de Gargantua
No filme: O buraco negro Gargantua aparece com um disco de luz ao redor, distorcido.
Na realidade:
Esse visual foi gerado com cálculos reais de curvatura da luz ao redor de um buraco negro (lente gravitacional).
A imagem de Gargantua influenciou até cientistas da colaboração Event Horizon Telescope!
Veredito: Uma das representações mais fiéis de um buraco negro no cinema.
4. Dilatação temporal
No filme: Ao visitar o planeta próximo ao buraco negro, os personagens perdem 23 anos em apenas algumas horas.
Na realidade:
A dilatação temporal acontece, mas a diferença tão extrema exigiria condições muito específicas e improváveis.
Veredito: Baseado em ciência real, mas com alguma licença poética na escala.
5. Viagem interestelar e propulsão
No filme: A nave Endurance viaja entre sistemas solares com auxílio do buraco de minhoca.
Na realidade:
Com a tecnologia atual, isso é impossível.
Mesmo a nave mais rápida já lançada (Voyager) levaria dezenas de milhares de anos para chegar à estrela mais próxima.
Veredito: Fantasia científica, mas baseada em ideias possíveis com tecnologias futuras.
6. Quarta dimensão e a "biblioteca" no buraco negro
No filme: Cooper entra no buraco negro e acessa uma dimensão onde pode ver o tempo como um espaço físico, interagindo com o passado.
Na realidade:
A teoria das dimensões extras existe na física teórica (como na Teoria das Cordas).
Mas não há comprovação de que buracos negros sejam portais para elas.
A comunicação com o passado viola o princípio de causalidade.
Veredito: É uma bela metáfora e exercício de ficção, mas não sustentado pela física real.
7. A equação da gravidade de Murphy
No filme: A filha de Cooper, agora cientista, resolve uma equação que unifica a gravidade com a mecânica quântica, ajudando a salvar a humanidade.
Na realidade:
A unificação entre a relatividade geral e a mecânica quântica é o maior desafio da física atual.
Ainda não temos essa equação, mas o filme se baseia nesse sonho da física teórica.
Veredito: Inspiração real, mas a solução ainda está por vir.
Conclusão: Um Filme que Respeita a Ciência
Interestelar se destaca por unir emoção, filosofia e ciência real.
Kip Thorne garantiu que os conceitos físicos fossem respeitados sempre que possível, e isso faz do filme uma das obras mais cientificamente precisas da ficção científica moderna.
É excelente para ser trabalhado em sala de aula para:
Discutir a teoria da relatividade
Estimular a curiosidade sobre cosmologia
Analisar limites entre ciência e ficção