Título: The Core – Missão ao Centro da Terra
Direção: Jon Amiel
Gênero: Ficção científica / Ação
Lançamento: 2003
Duração: 135 min
Resumo do Enredo
O filme narra a história de uma equipe de cientistas que precisa descer até o centro da Terra para reativar o núcleo do planeta, que misteriosamente parou de girar. Esse evento provoca falhas catastróficas no campo magnético terrestre, o que coloca toda a vida na superfície em risco. A solução proposta é construir uma nave capaz de perfurar as camadas internas da Terra e explodir ogivas nucleares no núcleo para reativar seu movimento.
Análise Física Detalhada:
Apesar de ser um entretenimento de ficção científica, o filme traz uma série de equívocos científicos. Vamos analisar os principais conceitos de Física envolvidos:
1. O Núcleo da Terra Parar de Girar
Na realidade:
O núcleo interno da Terra é sólido e composto principalmente de ferro e níquel. Ele gira em uma velocidade ligeiramente diferente da do manto terrestre, mas é altamente improvável que pare de girar repentinamente.
O campo magnético da Terra é gerado por movimentos de convecção no núcleo externo líquido (teoria do dínamo geodinâmico). A paralisação completa desses movimentos é extremamente improvável e não ocorreria sem sinais por milhões de anos.
No filme:
O núcleo simplesmente "para", o que é fisicamente incoerente, já que as leis da conservação do momento angular impediriam essa parada súbita sem a ação de forças externas gigantescas.
2. Campo Magnético da Terra e Catástrofes
Na realidade:
O campo magnético terrestre nos protege da radiação solar e cósmica. De fato, se ele enfraquecesse drasticamente, haveria aumento da incidência de radiação ultravioleta e auroras em regiões incomuns, mas não causaria explosões ou mortes imediatas como retratado no filme.
No filme:
O enfraquecimento do campo magnético provoca mortes instantâneas por radiação e efeitos catastróficos em equipamentos eletrônicos, o que é um exagero.
3. Construção de uma Nave para o Núcleo (Virgil)
Na realidade:
Nenhum material conhecido pode suportar as pressões (até 3,5 milhões de atm) e temperaturas (acima de 5.000 °C) do núcleo terrestre.
A perfuração até o manto já é um desafio gigantesco (o projeto real mais profundo, Kola Superdeep, atingiu cerca de 12 km; o manto está a dezenas de km de profundidade e o núcleo a mais de 2.900 km).
No filme:
A nave "Virgil" é construída com um "material fictício" chamado Unobtainium, que converte calor em energia elétrica e suporta qualquer pressão. Esse material não existe e é um clássico exemplo de “licença poética” da ficção científica.
4. Detonação de Ogivas Nucleares para Reativar o Núcleo
Na realidade:
Explosões nucleares não seriam capazes de reiniciar os movimentos de convecção do núcleo. A quantidade de energia necessária é inimaginavelmente maior do que qualquer arsenal nuclear existente.
Além disso, o comportamento do núcleo é regido por processos térmicos e gravitacionais complexos, e não pode ser "ligado" com bombas.
No filme:
O plano é explodir uma sequência de bombas nucleares em pontos estratégicos do núcleo para reiniciar sua rotação. Isso é fisicamente impossível e ignora completamente a escala de energia e os processos envolvidos.
5. Comunicação e Navegação no Subsolo
Na realidade:
Ondas de rádio não se propagam bem através de rochas densas e profundas, e a comunicação com o interior da Terra seria extremamente limitada.
A navegação sem GPS e com pouquíssimos dados sísmicos seria quase impossível.
No filme:
A tripulação consegue se comunicar e navegar no subsolo com precisão surpreendente, o que também é inviável com a tecnologia atual.
Aspectos Positivos
Apesar dos absurdos científicos, o filme levanta alguns temas interessantes:
A importância do campo magnético terrestre para a vida.
A estrutura interna da Terra (crosta, manto, núcleo externo e interno), ainda que retratada de forma exagerada.
O trabalho colaborativo entre diferentes áreas da ciência (geofísica, engenharia, computação).
Conclusão: Ciência x Ficção
The Core é um exemplo clássico de ficção científica que ignora os princípios básicos da Física, mas proporciona entretenimento e pode ser uma porta de entrada para discussões científicas em sala de aula. Para professores, é uma boa oportunidade de fazer uma atividade crítica, incentivando os alunos a distinguir ciência real de ficção.
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