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sábado, 19 de abril de 2025

A Física em Interestelar: Verdades e Ficção


Uma análise científica sobre o Filme Interestelar


Direção: Christopher Nolan

Consultor científico: Kip Thorne (ganhador do Nobel de Física)

Gênero: Ficção científica / Drama

Ano: 2014

Duração: 169 minutos


Resumo do Enredo:


No futuro, a Terra está em colapso ambiental e alimentar. Um grupo de astronautas embarca em uma missão interplanetária para atravessar um buraco de minhoca próximo a Saturno e encontrar um novo planeta habitável. O protagonista, Cooper, é um ex-piloto que deixa a filha Murphy para salvar a humanidade.


Física em Interestelar: Verdades e Ficção


1. Buracos de Minhoca (Wormholes)


No filme: Um buraco de minhoca é encontrado perto de Saturno, permitindo acesso a outra galáxia.

Na realidade:

É uma solução teórica da relatividade geral de Einstein, proposta por Einstein e Rosen (as pontes de Einstein-Rosen).

Nunca foi observado um buraco de minhoca real.

Seria necessário "matéria exótica" (com energia negativa) para mantê-lo aberto.


Veredito: Cientificamente plausível, mas ainda hipotético.


2. Buracos Negros e Gravidade Extrema


No filme: O planeta Miller orbita o buraco negro Gargantua. O tempo lá passa muito mais devagar (1 hora = 7 anos na Terra).

Na realidade:

Isso é chamado de dilatação temporal gravitacional, prevista pela Relatividade Geral de Einstein.

Próximo a uma massa imensa (como um buraco negro), o tempo desacelera para observadores externos.

Kip Thorne ajudou a calcular e simular isso de forma extremamente precisa.


Veredito: Totalmente consistente com a teoria da relatividade!


3. Representação visual de Gargantua


No filme: O buraco negro Gargantua aparece com um disco de luz ao redor, distorcido.

Na realidade:

Esse visual foi gerado com cálculos reais de curvatura da luz ao redor de um buraco negro (lente gravitacional).

A imagem de Gargantua influenciou até cientistas da colaboração Event Horizon Telescope!


Veredito: Uma das representações mais fiéis de um buraco negro no cinema.


4. Dilatação temporal


No filme: Ao visitar o planeta próximo ao buraco negro, os personagens perdem 23 anos em apenas algumas horas.

Na realidade:

A dilatação temporal acontece, mas a diferença tão extrema exigiria condições muito específicas e improváveis.


Veredito: Baseado em ciência real, mas com alguma licença poética na escala.


5. Viagem interestelar e propulsão


No filme: A nave Endurance viaja entre sistemas solares com auxílio do buraco de minhoca.

Na realidade:

Com a tecnologia atual, isso é impossível.

Mesmo a nave mais rápida já lançada (Voyager) levaria dezenas de milhares de anos para chegar à estrela mais próxima.


Veredito: Fantasia científica, mas baseada em ideias possíveis com tecnologias futuras.


6. Quarta dimensão e a "biblioteca" no buraco negro


No filme: Cooper entra no buraco negro e acessa uma dimensão onde pode ver o tempo como um espaço físico, interagindo com o passado.

Na realidade:

A teoria das dimensões extras existe na física teórica (como na Teoria das Cordas).

Mas não há comprovação de que buracos negros sejam portais para elas.

A comunicação com o passado viola o princípio de causalidade.


Veredito: É uma bela metáfora e exercício de ficção, mas não sustentado pela física real.


7. A equação da gravidade de Murphy


No filme: A filha de Cooper, agora cientista, resolve uma equação que unifica a gravidade com a mecânica quântica, ajudando a salvar a humanidade.

Na realidade:

A unificação entre a relatividade geral e a mecânica quântica é o maior desafio da física atual.

Ainda não temos essa equação, mas o filme se baseia nesse sonho da física teórica.


Veredito: Inspiração real, mas a solução ainda está por vir.


Conclusão: Um Filme que Respeita a Ciência


Interestelar se destaca por unir emoção, filosofia e ciência real.

Kip Thorne garantiu que os conceitos físicos fossem respeitados sempre que possível, e isso faz do filme uma das obras mais cientificamente precisas da ficção científica moderna.

É excelente para ser trabalhado em sala de aula para:

Discutir a teoria da relatividade

Estimular a curiosidade sobre cosmologia

Analisar limites entre ciência e ficção

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